Nossa sócia fundadora e Síndica profissional Nina Noronha, teve a honra de conceder uma entrevista para o Jornal a tarde, jornal de grande visibilidade na Bahia.
Profissional ou morador, síndico precisa de conhecimento e aptidão
Priscila Dórea* | Foto: Adilton Venegeroles | Ag. A TARDE
Ser síndico de condomínio, seja profissionalmente ou não, está muito longe de ser um trabalho fácil e pouco estressante. Essa é uma função que exige conhecimento de diversas áreas, saber como lidar com pessoas e ter características e aptidões específicas, como organização, disciplina e honestidade. Estar ciente que essas habilidades se fazem necessárias é importante principalmente para moradores que se candidatam a síndico de seus condomínios, já que são peças-chave para uma boa gestão condominial.
Um ponto que deve ser levado em consideração é a remuneração do síndico morador, que muitas vezes pode não valer a pena ou até ser justa, se toda a demanda de trabalho for levada em consideração. Geralmente tendo a isenção da taxa condominial como pagamento, muitos moradores que assumem essa função possuem outro emprego, e lidar com as duas funções pode ser estressante.
“Me coloquei no lugar de todos eles quando iniciei. É possível, sim, um morador desenvolver um bom trabalho no seu condomínio, porém é muito importante que o mesmo busque capacitação para atender a tantas exigências que um condomínio atualmente exige”, conta Rildo Sidinei de Oliveira, administrador e síndico profissional.
Rildo foi síndico morador antes de buscar se formalizar na área, quando percebeu que seu conhecimento de gestão não era suficiente para todo o trabalho que tinha em mãos. Nem todo síndico morador precisa, necessariamente, procurar uma qualificação formal, no entanto, de acordo com a corretora e síndica profissional Nina Noronha, ele precisa estar ciente das responsabilidades que irá assumir, visto que será o representante legal do condomínio.
Nina explica que as responsabilidades de um síndico são bastante complexas, na grande maioria das vezes, e o pagamento não corresponde às atividades exercidas por ele, com a remuneração estando muito abaixo do que seria realmente justo. “As estruturas dos condomínios mudaram e eles estão cada vez maiores, a exemplo dos condomínios-clube, que exigem mais tempo de dedicação do síndico. A depender do que diz a convenção, alguns síndicos recebem apenas isenção na taxa condominial mensal, o que está longe de ser o justo para todo o trabalho que será exigido e feito por ele”.
Para Nina, gerenciar um condomínio é como gerenciar uma empresa, por isso trabalhar com sindicatura exige muitas competências para que o trabalho seja bem feito. “É preciso manter uma série de processos em funcionamento, e o síndico precisa estar preparado para lidar com diversas situações que surgirão no decorrer de sua gestão”. É necessário conhecer as normas da convenção, do regimento interno e das leis condominiais, já que o síndico responde civil e criminalmente pelo condomínio.
Para ser um bom síndico é preciso saber gerenciar conflitos, ser resiliente, imparcial, transparente e ter agilidade nas soluções de problemas. Assim como conhecimento em legislação condominial e ter profissionalismo nas tomadas de decisões. Um condomínio com um síndico preparado gera redução dos custos, ressalta Nina, o que valoriza o imóvel, trazendo diversos benefícios e vantagens para todos aqueles que compõem o contexto condominial.
Qualificação necessária
Quando um morador se torna síndico, cabe a ele perceber quais áreas sente mais dificuldade em sua administração e daí partir para algum tipo de qualificação que ache necessário. Por ser uma atividade multi e interdisciplinar, a sindicatura exige conhecimentos diversos, mas não necessita exatamente que o síndico tenha o domínio de todos os assuntos.
De acordo com Efson Lima, coordenador-geral da pós-graduação, pesquisa e extensão da Faculdade 2 de Julho – faculdade que possui tanto o curso de extensão em síndico profissional quanto o MBA em gestão de condomínios –, espera-se que o gestor condominial procure especialistas para tratar de assuntos de que não tenha um conhecimento aprofundado.
“No entanto, é preciso que ele tenha pelo menos uma noção básica de contabilidade, direito, segurança e afins. Não existe uma receita pronta para ser um bom síndico, mas existem orientações que ajudam a obter uma boa atuação. Você só emprega uma pessoa na sua casa se confia, só entrega a gestão de sua empresa se confia no administrador. Não é diferente de um condomínio. A confiança vai do campo das relações ao campo técnico”, explica Efson.